segunda-feira, 9 de setembro de 2013
Situação de Aprendizagem: Energia no cotidiano e no Sistema Produtivo
OFICINA 1: Construção da Problematização e da Situação da
Aprendizagem
Eixo: Ciência e Tecnologia
Tema: Energia no cotidiano e no Sistema Produtivo - 8o. ano -
4o.Bim.
Situação de Aprendizagem
Habilidade:
Identificar diferentes formas de energia elétrica no cotidiano, na cidade e no
País.
Total de aulas
previstas: 04 aulas
Problematização:
Professor estimula a participação do aluno e
aplica sondagem de conhecimentos prévios nessa etapa.
Procedimentos do
prof.:
·
O professor pede para que cada aluno registre
suas repostas no caderno;
·
Em seguida registra as respostas dos alunos na
lousa. (sem repetição)
Respostas Esperadas:
Ao tomar banho; ligar
a televisão; ligar o game; o computador;
Acender a luz ligar
o microondas;
·
Discute com os alunos porque cada um chegou a
estas respostas.
Respostas Esperadas:
Ao tomar banho temos que ligar o chuveiro que aquece a água;
Ligando a televisão na tomada aparece a imagem;
Acendendo a lâmpada o ambiente fica iluminado; etc.
Procedimentos do
prof.:
2- Das
situações apresentadas pelos alunos, quais são as fontes que geram a energia
elétrica e qual o efeito dessa energia?
Professor
discute as fontes de energia elétrica e a utilização de diferentes formas desta
energia. (Contextualização).
3- Apresentação
da imagem:
Texto:
Energia Hidrelétrica
A energia hidrelétrica é a obtenção de energia elétrica através
do aproveitamento do potencial hidráulico de um rio. Para que esse processo
seja realizado é necessária a construção de usinas em rios que possuam elevado volume de
água e que apresentem desníveis em seu curso.
A força da água em movimento é conhecida como energia potencial, essa água passa por tubulações da usina com muita força e velocidade, realizando a movimentação das turbinas. Nesse processo, ocorre a transformação de energia potencial (energia da água) em energia mecânica (movimento das turbinas). As turbinas em movimento estão conectadas a um gerador, que é responsável pela transformação da energia mecânica em energia elétrica.
A força da água em movimento é conhecida como energia potencial, essa água passa por tubulações da usina com muita força e velocidade, realizando a movimentação das turbinas. Nesse processo, ocorre a transformação de energia potencial (energia da água) em energia mecânica (movimento das turbinas). As turbinas em movimento estão conectadas a um gerador, que é responsável pela transformação da energia mecânica em energia elétrica.
Normalmente as usinas hidrelétricas são construídas em locais distantes dos centros consumidores, esse fato eleva os valores do transporte de energia, que é transmitida por fios até as cidades.
A eficiência energética das hidrelétricas é muito alta, em torno de 95%. O investimento inicial e os custos de manutenção são elevados, porém, o custo do combustível (água) é nulo.
Atualmente, as usinas hidrelétricas são responsáveis por
aproximadamente 18% da produção de energia elétrica no mundo. Esses dados só
não são maiores pelo fato de poucos países apresentarem as condições naturais
para a instalação de usinas hidrelétricas. As nações que possuem grande potencial hidráulico são
os Estados Unidos, Canadá,
Brasil, Rússia e China. No Brasil, mais de 95% da energia elétrica produzida é
proveniente de usinas hidrelétricas.
Apesar de ser uma fonte de energia renovável e não emitir poluentes, a energia hidrelétrica não está isenta de impactos ambientais e sociais. A inundação de áreas para a construção de barragens gera problemas de realocação das populações ribeirinhas, comunidades indígenas e pequenos agricultores. Os principais impactos ambientais ocasionados pelo represamento da água para a formação de imensos lagos artificiais são: destruição de extensas áreas de vegetação natural, matas ciliares, o desmoronamento das margens, o assoreamento do leito dos rios, prejuízos à fauna e à flora locais, alterações no regime hidráulico dos rios, possibilidades da transmissão de doenças, como esquistossomose e malária, extinção de algumas espécies de peixes.
Apesar de ser uma fonte de energia renovável e não emitir poluentes, a energia hidrelétrica não está isenta de impactos ambientais e sociais. A inundação de áreas para a construção de barragens gera problemas de realocação das populações ribeirinhas, comunidades indígenas e pequenos agricultores. Os principais impactos ambientais ocasionados pelo represamento da água para a formação de imensos lagos artificiais são: destruição de extensas áreas de vegetação natural, matas ciliares, o desmoronamento das margens, o assoreamento do leito dos rios, prejuízos à fauna e à flora locais, alterações no regime hidráulico dos rios, possibilidades da transmissão de doenças, como esquistossomose e malária, extinção de algumas espécies de peixes.
Professor realiza discussão sobre o texto
com os alunos e suas interpretações.
(Abordagem em
Espiral)
Escutem essa música relacionada ao texto;
Música:
Sobradinho
Composição:
Sá e Guarabyra. CD Pirão de peixe com pimenta. Som Livre, 1999.
O homem
chega, já desfaz a natureza
Tira
gente, põe represa, diz que tudo vai mudar
O São
Francisco lá pra cima da Bahia
Diz que
dia menos dia vai subir bem devagar
E passo
a passo vai cumprindo a profecia do beato que dizia que o Sertão ia alagar
O sertão
vai virar mar, dá no coração
O medo
que algum dia o mar também vire sertão
Adeus
Remanso, Casa Nova, Sento-Sé
Adeus
Pilão Arcado vem o rio te engolir Debaixo d'água lá se vai a vida inteira
Por cima
da cachoeira o gaiola vai, vai subir
Vai ter
barragem no salto do Sobradinho
E o povo
vai-se embora com medo de se afogar.
Remanso,
Casa Nova, Sento-Sé
Pilão
Arcado, Sobradinho
Adeus,
Adeus ...
Pergunta-se ao aluno qual a ligação
existente entre a música, o texto e a imagem?
Registre suas conclusões em seu caderno ou
entregar.
.
Recuperação
- Entre os tipos de energia, existe uma que
é inesgotável?
- Quais formas de energia existentes na sua
escola, na sua casa e no seu bairro? Observe o local em que você vive?
- Que tipo de energia o Brasil precisa e de
onde ela virá?
Contextualização, Busca de Dados e
Aprendizagem significativa:
De acordo com a
problematização, o professor solicitará a cada grupo a pesquisa de um tipo de
energia, onde eles apresentaram de forma livre para os demais grupos da sala,
sobre a forma de painel, maquetes, vídeos, ilustrações, cartazes, entre outros.
Em seguida, sugerimos retomar com os alunos os conceitos através do vídeo.
Vídeo: Diferentes fontes de energia:- http://www.youtube.com/watch?v=nWj57Kf3sEo
Fechamento:
Cada
aluno fará a sua carta ao um órgão público, com a seguinte sugestão: A melhor
forma de energia que atenderia meu Bairro.
Material do COMPET - http://www.conpet.gov.br/portal/conpet/pt_br/pagina-inicial.shtml
domingo, 8 de setembro de 2013
Pesquisa sobre o hábito de leitura no país
O verdadeiro analfabeto é aquele que aprendeu a
ler e não lê.
Mário Quintana.
Motivada pela Campanha Desafio 50 livros em 2009 (saiba mais no blog da Nélida Capela (http://lectorinfabula.blogspot.com/) fui pesquisar sobre o hábito de leitura no país.
Sabemos que ler 50 livros em 1 ano mais que um desafio para poucos(eu não consigo), é uma total ilusão para a maioria dos brasileiros.
Conversei rapidamente com, Jaime Leibovitch, coordenador pedagógico da ONG Leia Brasil, que faz um interessante trabalho de incentivo à leitura. O objetivo principal da ONG é combater o analfabetismo funcional através da leitura.
Jaime me contou que apesar de algumas pesquisas apresentarem resultados de aumento da leitura no país ainda estamos muito longe do ideal. E o analfabetismo funcional aumentou muito e em função do aprendizado apenas operacional da leitura. Saber ler é uma coisa, saber interpretar o que está lendo é outra.
Jaime me indicou uma pesquisa realizada no ano passado pelo Ibope e encomendada pelo Instituto Pró-Livro. A pesquisa revela que o índice médio de leitura aumentou entre os brasileiros com mais de 15 anos e com pelo menos 3 anos de escolaridade. O Brasil contava com 26 milhões de leitores e hoje com 66 milhões.
Mais este número ainda é muito baixo, segundo a mesma pesquisa a média de leitura entre a população é de 4,7 livros por ano. Em alguns países desenvolvidos esse índice chega 12 livros por ano.
O desafio do Brasil ainda é incluir no mundo dos livros 45% da população brasileira. Há pessoas trabalhando para isso como a ong Leia Brasil, o Instituto Pró- livro e outros com certeza.
Para quem abraçou a idéia de 50 livros em 1 ano, parabéns! É assim que vamos mudar essa realidade, e consolidar a leitura como forma de aperfeiçoamento, fonte de relacionamento e uma diversão como disse Rubem Alves: “...Um livro é um brinquedo feito com letras. Ler é brincar...”
Mário Quintana.
Motivada pela Campanha Desafio 50 livros em 2009 (saiba mais no blog da Nélida Capela (http://lectorinfabula.blogspot.com/) fui pesquisar sobre o hábito de leitura no país.
Sabemos que ler 50 livros em 1 ano mais que um desafio para poucos(eu não consigo), é uma total ilusão para a maioria dos brasileiros.
Conversei rapidamente com, Jaime Leibovitch, coordenador pedagógico da ONG Leia Brasil, que faz um interessante trabalho de incentivo à leitura. O objetivo principal da ONG é combater o analfabetismo funcional através da leitura.
Jaime me contou que apesar de algumas pesquisas apresentarem resultados de aumento da leitura no país ainda estamos muito longe do ideal. E o analfabetismo funcional aumentou muito e em função do aprendizado apenas operacional da leitura. Saber ler é uma coisa, saber interpretar o que está lendo é outra.
Jaime me indicou uma pesquisa realizada no ano passado pelo Ibope e encomendada pelo Instituto Pró-Livro. A pesquisa revela que o índice médio de leitura aumentou entre os brasileiros com mais de 15 anos e com pelo menos 3 anos de escolaridade. O Brasil contava com 26 milhões de leitores e hoje com 66 milhões.
Mais este número ainda é muito baixo, segundo a mesma pesquisa a média de leitura entre a população é de 4,7 livros por ano. Em alguns países desenvolvidos esse índice chega 12 livros por ano.
O desafio do Brasil ainda é incluir no mundo dos livros 45% da população brasileira. Há pessoas trabalhando para isso como a ong Leia Brasil, o Instituto Pró- livro e outros com certeza.
Para quem abraçou a idéia de 50 livros em 1 ano, parabéns! É assim que vamos mudar essa realidade, e consolidar a leitura como forma de aperfeiçoamento, fonte de relacionamento e uma diversão como disse Rubem Alves: “...Um livro é um brinquedo feito com letras. Ler é brincar...”
Patrícia Canarim
10/03/2009
Quatro classes de abordagem comunicativa
Embora cada uma
dessas quatro classes, como apresentadas a seguir, está relacionada ao
papel do professor
ao conduzir o discurso da classe, elas são igualmente aplicáveis para
caracterizar
a interações que
ocorrem apenas entre estudantes, por exemplo em pequenos grupos:
a.
Interativo/dialógico: professor e estudantes exploram ideias,
formularam perguntas
autênticas e
oferecem, consideram e trabalham diferentes pontos de vista.
b.
Não interativo/dialógico: professor reconsidera, na sua fala,
vários pontos de vista,
destacando
similaridades e diferenças.
c.
Interativo/de autoridade: professor geralmente conduz os
estudantes por meio de uma sequencia de perguntas e respostas, com o objetivo
de chegar a um ponto de vista específico.
d.
Não interativo/ de autoridade: professor apresenta
um ponto de vista específico.
Eduardo
F Mortimer
Faculdade de
Educação
Universidade Federal
de Minas Gerais
É possível propor a formação de leitores nas disciplinas de Ciências Naturais?
É
possível propor a formação de leitores nas disciplinas de Ciências Naturais?
Resumo
Compreendendo
a leitura como um lugar de produção de sentidos, problematizamos as compreensões
de escrita, leitor, autor, apontando algumas contribuições/implicações para a
educação em ciências. Ao enfocarmos a formação de leitores, trabalhamos com as
histórias de leituras de estudantes como parte das condições de produção da
leitura nas aulas. Isso contribui, de forma significativa, para aprofundarmos a
compreensão sobre relações estabelecidas entre textos e leitores. Nessa mesma
perspectiva, emerge a relação dos estudantes com a escrita, explorada por nós
na perspectiva da autoria, compreendida como posição social assumida pelo
sujeito que ao interpretar (escrever/ler) filia-se a uma rede de sentidos. É a
partir dessa relação estabelecida entre sujeitos, com suas histórias, e
diferentes sentidos que circulam socialmente, dentro e fora da escola,
que são produzidos os sentidos sobre ciências e tecnologias. Por fim, ao
problematizar a própria linguagem do/no ensino de ciências, temos a pretensão
de contribuir para a promoção de um ensino comprometido com o questionamento
das ciências e seus papéis sociais.
Suzani Cassiani, Patrícia Montanari Giraldi, Irlan von
Linsingen.
sexta-feira, 30 de agosto de 2013
Meu primeiro livro por escolha própria
Meu primeiro livro por escolha própria
A minha primeira experiência
com leitura aconteceu na casa de minha
avó, lá pelo inicio dos anos oitenta. Eu e meus irmãos passávamos as férias de
verão na casa de minha avó em Minas Gerais, e foi lá que li o meu primeiro
livro que não tinha fazia parte do meu currículo escolar.
Eu estava aliviada por estar
de férias e não ter lição de casa, resumos, muito menos leituras ou redações
para fazer. Meus primos quando falavam em brincar de escolinha, eu era a
primeira a dizer que não. Eu tinha 13 anos, e estava na 7º série do antigo
ginasial, naquele tempo eu já tinha uma quedinha por exatas, e não queria nem
ouvir falar em leitura, muito menos em redação.
Sem
que me desse, conta, estava na sala da casa de minha avó, sozinha, pois não
queria nenhum tipo de brincadeira que envolvesse esporte ou escola, quando vi
um livro caído no sofá, o que me chamou a atenção foi o título “Admirável Mundo
Novo”, eu conhecia a música “Admirável gado novo” pela voz de Zé Ramalho. Achei
muito estranho e resolvi abrir e ver se era igual a música, li a primeira página, li de novo, e
de novo, e de novo, joguei o livro no sofá, acho que outra pessoa já tinha
feito isso também.
Eu
não entendia uma palavra daquele livro, nada fazia sentido, não conseguia fazer
nenhuma ligação com qualquer leitura que tinha feito anteriormente. Peguei o
livro de novo, e depois de horas, não tinha chegado a página dez ainda.
Depois
de vários dias, eu ainda não entendia aquele maldito livro que falava de um
futuro onde as pessoas eram copias organizadas de acordo com uma classe de
inteligência, onde não havia família nem religião e elas ainda eram felizes
porque tomavam uma espécie de droga.
Só
depois de muito tempo e muita leitura e muita conversa com a minha professora
de ciências (que também já tinha lido o livro) pude entender que se tratava de
uma ficção onde o contraste entre o tradicional e o mundo científico era
traçado por um personagem que nasce da clonagem, mas por um “defeito de
fabricação”, contesta a sociedade em que vive.
Talvez
pelo tema ou pela circunstância que o livro chegou até mim, descobri o meu lado
curioso e investigativo. E tenho certeza alguma coisa mudou em mim.
quinta-feira, 29 de agosto de 2013
Minha Experiência com a Leitura
Com relação a minha experiência com a escrita, me lembro de minha mãe fazendo o antigo "Mobral" e me levando com ela as aulas. A minha mãe tinha vontade de aprender e sua história de vida não permitiu que ela pudesse ler com fluência! Me orgulho dela mesmo assim, por que muitas vezes fez sacrifícios para que seus quatro filhos pudessem ter a vida que ela gostaria de ter: cheia de oportunidades! Que é o que o conhecimento nos proporciona. Porém ao entrar na faculdade tomei contato, de forma irreversível, com a leitura! Tarde demais? não muito pelo contrário, havia muito significado em nossa leitura e precisavamos disso para prosseguir. Acredito que este é o caminho: mostrar a nossos alunos que a leitura não possui dimensões, mas sim oportunidades de expandir um universo cheio de experiências nunca vividas! A tecnologia é um fato. Está em nosso dia a dia, basta pensarmos como pessoas em locais tão diferentes estão se comunicando e se atualizando nesse exato momento através do Ambiente Virtual da Aprendizagem. Não podemos negar que é algo como a Revolução Industrial! Irreversível! Creio que o caminho é o aperfeiçoamento dos professores em novas tecnologias e conscientização pelos alunos que construímos uma história enquanto humanidade para chegarmos onde nos encontramos. Portanto é a união de gerações diferentes que proporciona a diversidade. E a riqueza da aprendizagem está exatamente nesta diversidade vivenciada por essas diversas gerações!
Contribuição da colega Sirlene Neves de Andrade -grupo 1-
Contribuição da colega Sirlene Neves de Andrade -grupo 1-
Depoimentos de Personalidades a respeito da leitura
Nilson José Machado
Professor de
Didática da Matemática da USPA LEITURA, A ESCRITA, O LUXO
Ler, escrever e contar é o que
deveria resultar dos estudos escolares, diziam nossos avós. No antigo Egito, a
leitura era ensinada a todos, mas o ensino do cálculo não era generalizado e a
escrita era destinada apenas aos filhos das classes dominantes. Em Roma, os
escravos que conduziam tais crianças à escola eram chamados “pedagogos”. Em
latim, paidòs
é criança, e agogòs,
condutor. Os pedagogos aprendiam a escrita para poder ajudar as crianças em seu
aprendizado. Hoje, é incompreensível uma dissociação entre a leitura e a
escrita. A expressão de si e a compreensão do outro são competências
complementares. Ler é fundamental para seguir regras com consciência, mas a
expressão pessoal é vital, e a escrita é essencial para isso. A oralidade
esvanece, a escrita permanece. Animais comunicam-se oralmente; a peculiaridade
do ser humano reside na escrita. É preciso ler e compreender o mundo, mas, na
escola da vida, temos que assinar o livro de presença. Decididamente, a escrita
não é um luxo.
Fonte: Disponível em: http://nilsonjosemachado.net/mileuma.html.
Acesso em: 17 maio 2013
Rubem Alves
Educador,
escritor e teólogo
A literatura é
um processo de transformações alquímicas. O escritor transforma - ou, se
preferirem uma palavra em desuso, usada pelos teólogos antigos, “o escritor
transubstancia” – sua carne e seu sangue em palavras e diz a seus leitores:
“Leiam! Comam! Bebam! Isso é a minha carne. Isso é o meu sangue!”. A
experiência literária é um ritual antropofágico. Antropofagia não é
gastronomia. É magia. Come-se o corpo de um morto para se apropriar de suas
virtudes. Não é esse o objetivo da Eucaristia, ritual antropofágico supremo?
Come-se e bebe-se a carne e o sangue de Cristo para se ficar semelhante a ele.
Eu mesmo sou o que sou pelos escritores que devorei... E se escrevo é na
esperança de ser devorado pelos meus leitores.
Fonte: ALVES, Rubem. A
beleza dos pássaros em voo. In: ___________. Na morada das palavras. 3. ed.
Campinas: Papirus, 2003. p. 66.
Antonio Candido
Crítico
literário e ex-professor de Teoria Literária na USP
As produções
literárias, de todos os tipos e todos os níveis, satisfazem necessidades
básicas do ser humano, sobretudo através dessa incorporação, que enriquece a
nossa percepção e a nossa visão do mundo. [...]. Em todos esses casos ocorre
humanização e enriquecimento, da personalidade e do grupo, por meio de
conhecimento oriundo da expressão submetida a uma ordem redentora da confusão.
Entendo aqui
por humanização (já que tenho falado tanto nela) o processo que confirma no homem aqueles traços que reputamos
essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa
disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de
penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade
do mundo e dos seres, o cultivo do humor. A literatura desenvolve em nós a
quota de humanidade na medida em que nos torna mais compreensivos e abertos
para a natureza, a sociedade, o semelhante.
Fonte: CANDIDO, Antonio.
Direitos humanos e literatura. In: ______. Vários
escritos. Rio de Janeiro: Ouro sobre azul, 2004
Newton Mesquita
Pintor
Da mesma forma como coloca
sua alma nas imensas e maravilhosas telas que pinta, o arquiteto e artista
plástico Newton Mesquita busca, na literatura, uma comunhão com o universo
revelado pelo autor:
"Quando você vê um
quadro e gosta muito, a sensação é a de que aquela imagem sempre esteve dentro
de você. Com o texto é a mesma coisa: aquilo toca na sua essência e detona
tantas ideias e fantasias que se torna parte de sua vida", explica.
A leitura e a música são
fundamentais na vida desse prestigiado artista:
"Se eu pudesse ter
mais duas profissões, gostaria de ser músico (já toquei piano em boates durante
alguns anos) e de escrever muito bem, como o Rubem Fonseca", declara.
Os livros me
fascinam. Antigamente, quando eu era moleque, eles me pegavam pelas histórias,
porque me davam a possibilidade de ir a outros países, conhecer outras
civilizações, outras pessoas, ver como elas viveram, o que pensaram,
descobriram e escreveram. Fui criado muito sozinho, e os livros eram meus
companheiros. A leitura, nessa fase, é uma ginástica para a imaginação. Você
fica imaginando os lugares, as situações, os personagens – alguns
tornavam-se amigos íntimos meus. Meu filho se chama Pedro por causa do Pedrinho
do Sítio do Pica-pau Amarelo.
Fonte:
Depoimento feito ao site da Livraria Cultura em 2004.
.
quarta-feira, 28 de agosto de 2013
Ler o mundo para se libertar
O trecho abaixo foi retirado do livro "Folha Explica: Paulo Freire":
O método criado por Paulo Freire para alfabetização de adultos
foi, sem dúvida, sua maior contribuição à educação. Não apenas pela capacidade
de alfabetizar em 40 horas. Seu sucesso está marcado pelo fato de ter
desenvolvido um novo conceito de leitura - e com ele um novo conceito de
escrita. Ler, segundo Freire, não é caminhar sobre as letras, mas interpretar o
mundo e poder lançar sua palavra sobre ele, interferir no mundo pela ação. Ler
é tomar consciência. A leitura é antes de tudo uma interpretação do mundo em
que se vive. Mas não só ler. É também representá-lo pela linguagem escrita.
Falar sobre ele interpretá-lo, escrevê-lo. Ler e escrever, dentro desta
perspectiva, é também libertar-se. Leitura e escrita como prática de liberdade.
LEITURA NOS OLHOS DOS OUTROS
Leitura nos olhos dos outros
Recentemente foi comemorado o Dia Nacional do Livro. A data
lembrou a importância da leitura na vida das crianças e de todos nós.
Esse é um bom motivo para refletirmos sobre a contribuição
que o mundo adulto dá para que os mais novos tenham a chance de desenvolver o
gosto pela leitura.
Primeiramente, é bom reconhecer que temos uma posição
bastante moralista a esse respeito. Famílias e escolas repetem à exaustão que
ler é uma coisa boa.
Desde os primeiros anos escolares até o último ano do ensino
básico, a lista de livros obrigatórios é enorme.
Mas será que ler é mesmo bom? Se é, por que temos de repetir
tanto essa recomendação e nem assim conseguimos resultados?
Talvez porque obrigação não combine com prazer e ler deveria
ser uma questão de prazer. Muita gente se preocupa em desenvolver o hábito da
leitura. Prova disso é que nossas crianças ficam com a agenda abarrotada de
coisas para ler.
Entretanto, hábito é coisa bem diferente de vontade. Em
relação à leitura, o que podemos fazer é plantar nos mais novos a vontade de
ler, mostrando as emoções que essa experiência proporciona.
A segunda questão que temos é a seguinte: se ler é tão bom
assim, por que é que nós, os adultos, lemos tão pouco? Pesquisas mostram que o
índice de leitura espontânea no Brasil é de pouco mais de um livro por ano!
Muito pouco, quase nada, na verdade.
Isso significa que, depois que o jovem sai da escola, ele
simplesmente deixa de ler.
O que podemos fazer para que os jovens encontrem seu próprio
caminho no mundo dos livros? Para que desenvolvam um gosto verdadeiro pela
leitura?
Os pais podem, por exemplo, ler e contar histórias para os
filhos pequenos. Muitas famílias já cultivam o momento da história, lendo para
os filhos de até seis anos antes de a criança se recolher. A questão é que eles
não sabem como seguir com esse ritual depois que a criança cresce.
A partir dos sete, oito anos, muitas famílias se rendem aos outros
interesses que a criança passa a ter: programas de televisão, internet,
videogames, jogos de computador etc.
Entretanto, ouvir e contar histórias para os filhos é um
hábito que poderia seguir até o fim da infância como um grande incentivador não
apenas do gosto pela leitura, mas também como um elemento intensificador das
relações familiares.
Depois que a criança ganha fluidez, é hora de pedir para que
ela também leia para os pais. Mostrar interesse pelos livros que ela escolhe,
ouvir com atenção as histórias que a criança conta sobre sua própria vida e ler
ao seu lado são excelentes maneiras de estimular a atividade leitora dos mais
novos.
As bibliotecas também poderiam funcionar como locais de
incentivo do gosto pela literatura. Para isso, precisariam ser fisicamente mais
atraentes, com livros e atividades interessantes. As famílias poderiam incluir
a ida à biblioteca como um programa familiar, não é verdade?
Ler sempre --mesmo que por pouco tempo--, comentar sobre os
livros que estão lendo e incluir alguns exemplares na bagagem das férias são
atitudes que os pais podem adotar para mostrar aos filhos, na prática, que ler
é bom de verdade.
E as escolas? Essas têm um enorme potencial para desenvolver
com seus alunos o interesse pela leitura. A maioria tem optado pelos caminhos
mais fáceis e menos produtivos: responsabilizar as famílias por isso e obrigar
os alunos a ler. Poucas são as escolas particulares que têm uma biblioteca
atraente.
Aliás, aí está uma boa questão para os pais que procuram
escolas para os filhos: visitar a biblioteca escolar e saber como ela é usada
por alunos e professores.
E, por falar em professor, quantos deles demonstram aos
alunos que têm paixão pela literatura?
Se ler é mesmo bom, vamos provar isso aos mais novos.
Rosely Sayão, psicóloga e consultora em educação, fala sobre
as principais dificuldades vividas pela família e pela escola no ato de educar
e dialoga sobre o dia-a-dia dessa relação. Escreve às terças na versão impressa
de "Cotidiano".
terça-feira, 27 de agosto de 2013
Fisiologia - sistema digestivo
BIOE- Banco Internacional de Objetos Educacionais
Repositório de recursos digitais com cunho pedagógico -educacional Contempla todos os níveisde ensino
http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/
http://www.planetabio.com/digestao.html
Título:
|
Fisiologia - sistema digestivo
|
Tipo do recurso:
|
Hipertexto
|
Objetivo:
|
Mostrar o funcionamento do sistema digestivo
|
Descrição do recurso:
|
Este hipertexto mostra o funionamento do sistema
digestivo, descrevendo seus órgãos, funções e peculiaridades
|
Observação:
|
Plugin: flash player
|
Componente Curricular:
|
Ensino Fundamental::Séries Finais::Ciências Naturais
Ensino Médio::Biologia |
Tema:
|
Educação Básica::Ensino Fundamental Final::Ciências
Naturais::Ser humano e saúde
Educação Básica::Ensino Fundamental Final::Ciências Naturais::Vida e ambiente Educação Básica::Ensino Médio::Biologia::Origem e evolução da vida Educação Básica::Ensino Médio::Biologia::Identidade dos seres vivos |
Texto para leitura
FERNANDO BONASSI
O
que dizer por todos esses livros no zoológico das estantes?Livros são animais sexuados: livros são metidos, livros são gestados, livros são paridos. Livros crescem, como meninos. Livros sangram, como meninas. Livros infantis com idéias de aprendiz. Livros de aventura pra estimular a travessura. Livros de iniciação pras pessoas em formação. Todo livro é um livro da vida (mesmo os livros de contabilidade, que são livros de dívidas). Livros de poesia controlam a azia. Livros de História fortalecem a memória. Livros de viagem aperfeiçoam a paisagem. Livros de religião aumentam a devoção. Livros de química servem pra misturar. Livros de teste, pra confundir. Livros de lógica, pra entender. Livros didáticos, pra explicar. Livros revolucionários são livros vermelhos espetados no ar. Livres pra reclamar, livros de arrepiar!
Mas... com quantos livros se faz uma pessoa?
Livros de tabuada pra conta calculada. Livros de auto-ajuda praquilo que não muda. Livros de lazer pra quem tem muito o que fazer. Livros de direito pra homens de respeito. Livro de reza quando a coisa pesa. Livros em liquidação para leitores sem condição. Livros de oratória, livros de ortografia, livros de culinária, livros de psicologia. Livros em orgia. Livros pornográficos levados pra cama. Livros de etiqueta pra pôr a mesa. Livros sádicos. Livros trágicos. Livros míticos. Livros pro alimento do espírito e dos editores. Livros pra vaidade dos escritores. Livros especiais. Livros espaciais. Livros de colecionadores. Livros de informática são livros de computador. Livros de condolências são livros cheios de dor. Livros ensinam a ler. Livros pro humor. Livros pra quem quiser ver. Livros loucos pra saber. Livros com ilustração auxiliam a compreensão. Livros beijados, livros mordidos. Livros apalpados, livros espremidos. Livros lambidos como frutos escorridos. Livros embebidos. Livros embevecidos. Livros abraçados como casais apaixonados. Livros são romances cultivados. São feridas, são repastos. Livros passados de mão em mão, como boas biscas. Livros de arte. Livros de artistas. Páginas arrancadas sem vergonha, livros fumados com maconha. Livros de piada. Sacos de risada. Palavras cruzadas e frases alinhavadas. Livros depenados. Livros invocados. Livros em conflito. Páginas de livros processados em juízo. Livros censurados. Livros permissivos. Os livros das sopas, os livros dos sonhos, o livro dos molhos. Livros molhados nos clubes de livros. Livros de ocorrência. Livros policiais. Livros de referência. Livros originais. Livro pra orientação num universo em expansão. Livros equivocados. Livros inquisitivos. Livros engavetados. Livros recolhidos. Livros esmagados nos ônibus lotados. Livros encoxados, livros encolhidos. Livros espalhados por baixo dos estrados. Livros deflorados. Livros chacoalhados. Livros escondidos. Livros arremessados nos divórcios acalorados. Livros feito espadas. Livros como escudos. Livros que berram e livros que são mudos. O pior livro de cego é aquele que não quer se ler. Livros na ponta da língua. Livros com a ponta dos dedos. Livros engrossam, como rapazes. Livros melhoram, como mulheres. Livros murchos, livros sujos, livros finos. Livros como manda o figurino. Livros de moda. Livros em falta. Livros de sobra. Livros que cheiram bem e livros que cheiram mal (livros de renúncia fiscal). Livros roubados. Livros comprados. Livros vendidos. Árvores de livros abatidos. Livros de cabeceria. A fertilidade dos livros de madeira. Livros exibidos como corpos oferecidos. Livros safados. Livros falados. Livros sorvidos. Livros conservadores nas gavetas dos doutores. Livros emocionais pra cólicas menstruais. Livros de regime. Livros de política. Livros de ótica. Livros de crítica. Livros diários são livros crônicos, são livros cômicos, são livros tônicos. Dicionários de livros explicados. Raciocínios apalavrados. Teses de mestrado. Bolsas de livros financiados. Tomos, tombos, citações. Parágrafos, capítulos, correções. Publicações, polêmicas, opiniões. Livros importados. Livros transportados. Livros traduzidos. Livros encomendados, livros encarecidos. Livros encardenados como faraós embalsamados. Livros aposentados. Livros comentando livros. Livros lavrados em cartórios hereditários. Livros aplicados e homens especializados. Diplomas de livros emparedados. Livros emparelhados. Bibliotecas de livros amontoados. Sebos empoeirados. Livros decorados são livros encruados são livros mal comidos. Livros devorados por vermes aculturados. Livros bichados. Livros suados. Livros vencidos. Caixas e caixas de livros caixa. Arquivos mortos em pandemônio, as fortunas dos livros de patrimônio. Livros de capas trocadas, capas disfarçadas, capas ofensivas. Livros de capas ousadas. Capas proibidas. Os livros contra capas. Os lidos pelas costas. Livros sádicos, livros cínicos, livros mágicos. Livros lívidos, livros épicos, livros bíblicos. Livros lidos como vícios. Livros de sacrifícios. Todo homem é um livro aberto. Todo livro acha que é certo. Escreveu, não leu, continua sendo livro. Já no início era verbo! Larga a mão de ser burro e leia.
Quem roubou nosso tempo de leitura?
O tempo para leitura parece cada vez mais comprimido e isto não é uma perda apenas para a literatura.
Por Alan Bisset, no The Guardian
(Traduzido por Milton Ribeiro para o Sul21)
Um súbito interesse renovado por Tolstói, causado pelo filme sobre seus últimos dias, A Última Estação, fez-me lembrar que há um ano atrás eu tinha prometido a mim mesmo reler Guerra e Paz. Fazia algum tempo que eu não enfrentava um romance de grandes proporções ou, para ser mais exato, qualquer coisa publicada antes do século XX. A releitura de Guerra e Paz iria me tranquilizar: minha resistência física e disponibilidade estavam intactas. Fui até a estante e descobri a página em que deixei o marcador – ele estava na página 55 e eu sequer podia utilizar a desculpa de ter crianças pequenas.
O fato em si não teria me assustado — afinal, é Guerra e Paz — se não fosse a existência de outros marcadores abandonados em outros livros. Eu não estava terminando nenhum deles? Como é que eu, que adorava ficção o suficiente para estudá-la, ensiná-la e escrever a respeito, me tornara tão distraído?
O mundo dos meus tempos de estudante era fundamentalmente diferente do atual. Foi apenas no final da minha graduação que um amigo me mostrou uma maravilha chamada internet (Ele: “Há sites sobre qualquer assunto, tudo pode ser encontrado!”. Eu: “O que é um site?”). Nos anos 90, havia somente quatro canais de televisão. Cada família tinha um telefone, cujo uso era consecutivo. Poucos tinham jogos eletrônicos. Então, era muito mais fácil retirar-se completamente do mundo para a grande arquitetura do romance. Agora, o leitor está sob o ataque de centenas de canais de televisão, cinema 3D, há um negócio de jogos de computador tão florescente que faz com que Hollywood os imite em seus filmes, há os iPhones, o Wifi, o YouTube, o Facebook, há notícias 24h, uma cultura tola da celebridade — verdadeiras ou falsas — , acesso instantâneo a toda e qualquer música já registrada, temos o esporte onipresente, há caixas de DVDs com tudo o que gostamos. Os momentos de lazer que já eram preciosos foram engolidos pela lista anterior e também e-mails, torpedos e Facebook. Quase todas as pessoas com quem eu falo dizem amar os livros, mas que simplesmente não encontram mais tempo para lê-los. Bem, eles CERTAMENTE têm tempo, só que não conseguem gastá-lo de forma diferente.
Isto tem consequências desastrosas para nossa inteligência coletiva. Estamos sitiados pela indústria de entretenimento, a qual nos estimula apenas em determinadas direções. A sedução é sonora, visual e tátil. A concentração na palavra impressa, na profundidade de um argumento ou de uma narrativa ficcional, exige uma postura que os dependentes dos meios visuais não têm condições de atender. Seus cérebros não se fixam na leitura ou, se leem, fazem-no rapidamente para voltar logo ao plin-plin. Ora, isso é um roubo de um espaço de pensamento que deveria ser recuperado.
Obviamente, os meios de comunicação como a Internet nos oferecem enormes benefícios (você não estaria lendo isto de outra forma), mas nos empurram facilmente para coisas bem superficiais que roubam nosso tempo. Você viu Avatar? Você viu o que eles podem fazer agora? Podem me chamar de melodramático, mas estou começando a me sentir como protagonista de alguma distopia (ou antiutopia) do gênero de 1984 ou Fahrenheit 451, tendo meus pensamentos apagados e, pior, gostando disso.
A Cultura mudou rapidamente nesta década. A leitura está sob ameaça como nunca antes. “Escrever e ler é uma forma de liberdade pessoal”, disse Don DeLillo em uma carta a Jonathan Franzen, que o questionara muito tempo antes da chegada da Internet. “A literatura nos liberta dos pensamentos comuns, de possuir a mesma identidade das pessoas que vemos em torno de nós. Nós, escritores, fundamentalmente, não escrevemos para sermos heróis de alguma subcultura, mas principalmente para nos salvar, para sobrevivermos como indivíduos.” Exatamente a mesma afirmação, penso eu, descreve a condição dos leitores sérios.
Deem-me o meu Tolstói. Agora é guerra.
Leitura e Escrita
Durante esses sete anos que eu estou
trabalhando na DE, eu pude perceber o quanto é importante o Projeto
Ler e Escrever, é um trabalho de sucesso, os números estão aí para comprovar,
o número de escolas do EF I que conseguem atingir, e até mesmo superar, a meta
estabelecida em Língua Portuguesa, é bem maior do que as escolas do EF II e do
EM, os resultados nas provas de matemática também são melhores, deveria haver
um Projeto de leitura focando também o EF II e o EM, tenho certeza de que os
resultados obtidos iriam melhorar bastante, além disso, um outro detalhe
importante, não sei se nas outras Des foi observado isso, o trabalho realizado
nas UEs que possuem somente o EF I, é bem melhor do que o realizado nas outras
UEs que contam também com o EF II, o EM e também o Ensino de Jovens e
Adultso(EJA).
Integrantes do Grupo 1
CARLOS SIDIOMAR MENOLI
CLEONICE DA SILVA MENEGATTO
ELIDES ASSUMPÇÃO
JOSÉ LUIZ AUTIERE
MARGARETH SILVEIRA SASAKI
MORDECHAJ GRINBAUM
ROSINES JESUS RIBEIRO DE CAMARGO
SIRLENE NEVES DE ANDRADE
O mentor da educação para consciência
O mais célebre educador brasileiro, autor da pedagogia do oprimido,
defendia como objetivo da escola ensinar o aluno a "ler o mundo" para
poder transformá-lo
Paulo Freire
(1921-1997) foi o mais célebre educador brasileiro, com atuação e
reconhecimento internacionais. Conhecido principalmente pelo método de
alfabetização de adultos que leva seu nome, ele desenvolveu um pensamento
pedagógico assumidamente político. Para Freire, o objetivo maior da educação é
conscientizar o aluno. Isso significa, em relação às parcelas desfavorecidas da
sociedade, levá-las a entender sua situação de oprimidas e agir em favor da
própria libertação. O principal livro de Freire se intitula justamente
Pedagogia do Oprimido e os conceitos nele contidos baseiam boa parte do
conjunto de sua obra.
Ao propor uma
prática de sala de aula que pudesse desenvolver a criticidade dos alunos,
Freire condenava o ensino oferecido pela ampla maioria das escolas (isto é, as
"escolas burguesas"), que ele qualificou de educação bancária. Nela,
segundo Freire, o professor age como quem deposita conhecimento num aluno
apenas receptivo, dócil. Em outras palavras, o saber é visto como uma doação
dos que se julgam seus detentores. Trata-se, para Freire, de uma escola
alienante, mas não menos ideologizada do que a que ele propunha para despertar
a consciência dos oprimidos. "Sua tônica fundamentalmente reside em matar
nos educandos a curiosidade, o espírito investigador, a criatividade",
escreveu o educador. Ele dizia que, enquanto a escola conservadora procura
acomodar os alunos ao mundo existente, a educação que defendia tinha a intenção
de inquietá-los.
Aprendizado conjunto
Freire criticava a ideia
de que ensinar é transmitir saber porque para ele a missão do professor era
possibilitar a criação ou a produção de conhecimentos. Mas ele não comungava da
concepção de que o aluno precisa apenas de que lhe sejam facilitadas as
condições para o auto-aprendizado. Freire previa para o professor um papel
diretivo e informativo - portanto, ele não pode renunciar a exercer autoridade.
Segundo o pensador pernambucano, o profissional de educação deve levar os
alunos a conhecer conteúdos, mas não como verdade absoluta. Freire dizia que
ninguém ensina nada a ninguém, mas as pessoas também não aprendem sozinhas.
"Os homens se educam entre si mediados pelo mundo", escreveu. Isso
implica um princípio fundamental para Freire: o de que o aluno, alfabetizado ou
não, chega à escola levando uma cultura que não é melhor nem pior do que a do
professor. Em sala de aula, os dois lados aprenderão juntos, um com o outro - e
para isso é necessário que as relações sejam afetivas e democráticas,
garantindo a todos a possibilidade de se expressar. "Uma das grandes
inovações da pedagogia freireana é considerar que o sujeito da criação cultural
não é individual, mas coletivo", diz José Eustáquio Romão, diretor do
Instituto Paulo Freire, em São Paulo.
A valorização da
cultura do aluno é a chave para o processo de conscientização preconizado por
Paulo Freire e está no âmago de seu método de alfabetização, formulado
inicialmente para o ensino de adultos. Basicamente, o método propõe a
identificação e catalogação das palavras-chave do vocabulário dos alunos - as
chamadas palavras geradoras. Elas devem sugerir situações de vida comuns e
significativas para os integrantes da comunidade em que se atua, como por
exemplo "tijolo" para os operários da construção civil.
Diante dos alunos, o
professor mostrará lado a lado a palavra e a representação visual do objeto que
ela designa. Os mecanismos de linguagem serão estudados depois do desdobramento
em sílabas das palavras geradoras. O conjunto das palavras geradoras deve
conter as diferentes possibilidades silábicas e permitir o estudo de todas as
situações que possam ocorrer durante a leitura e a escrita. "Isso faz com
que a pessoa incorpore as estruturas linguísticas do idioma materno", diz
Romão. Embora a técnica de silabação seja hoje vista como ultrapassada, o uso
de palavras geradoras continua sendo adotado com sucesso em programas de
alfabetização em diversos países do mundo.
Seres inacabados
O método Paulo
Freire não visa apenas tornar mais rápido e acessível o aprendizado, mas
pretende habilitar o aluno a "ler o mundo", na expressão famosa do
educador. "Trata-se de aprender a ler a realidade (conhecê-la) para em
seguida poder reescrever essa realidade (transformá-la)", dizia Freire. A
alfabetização é, para o educador, um modo de os desfavorecidos romperem o que
chamou de "cultura do silêncio" e transformar a realidade, "como
sujeitos da própria história".
No conjunto do
pensamento de Paulo Freire encontra-se a ideia de que tudo está em permanente
transformação e interação. Por isso, não há futuro a priori, como ele gostava
de repetir no fim da vida, como crítica aos intelectuais de esquerda que
consideravam a emancipação das classes desfavorecidas como uma inevitabilidade
histórica. Esse ponto de vista implica a concepção do ser humano como
"histórico e inacabado" e consequentemente sempre pronto a aprender.
No caso particular dos professores, isso se reflete na necessidade de formação
rigorosa e permanente. Freire dizia, numa frase famosa, que "o mundo não é,
o mundo está sendo".
Três etapas rumo à
conscientização
Embora o trabalho de
alfabetização de adultos desenvolvido por Paulo Freire tenha passado para a
história como um "método", a palavra não é a mais adequada para
definir o trabalho do educador, cuja obra se caracteriza mais por uma reflexão
sobre o significado da educação. "Toda a obra de Paulo Freire é uma
concepção de educação embutida numa concepção de mundo", diz José
Eustáquio Romão. Mesmo assim, distinguem-se na teoria do educador pernambucano
três momentos claros de aprendizagem. O primeiro é aquele em que o educador se
inteira daquilo que o aluno conhece, não apenas para poder avançar no ensino de
conteúdos mas principalmente para trazer a cultura do educando para dentro da
sala de aula. O segundo momento é o de exploração das questões relativas aos
temas em discussão - o que permite que o aluno construa o caminho do senso
comum para uma visão crítica da realidade. Finalmente, volta-se do abstrato
para o concreto, na chamada etapa de problematização: o conteúdo em questão
apresenta-se "dissecado", o que deve sugerir ações para superar
impasses. Para Paulo Freire, esse procedimento serve ao objetivo final do
ensino, que é a conscientização do aluno.
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