Leitura nos olhos dos outros
Recentemente foi comemorado o Dia Nacional do Livro. A data
lembrou a importância da leitura na vida das crianças e de todos nós.
Esse é um bom motivo para refletirmos sobre a contribuição
que o mundo adulto dá para que os mais novos tenham a chance de desenvolver o
gosto pela leitura.
Primeiramente, é bom reconhecer que temos uma posição
bastante moralista a esse respeito. Famílias e escolas repetem à exaustão que
ler é uma coisa boa.
Desde os primeiros anos escolares até o último ano do ensino
básico, a lista de livros obrigatórios é enorme.
Mas será que ler é mesmo bom? Se é, por que temos de repetir
tanto essa recomendação e nem assim conseguimos resultados?
Talvez porque obrigação não combine com prazer e ler deveria
ser uma questão de prazer. Muita gente se preocupa em desenvolver o hábito da
leitura. Prova disso é que nossas crianças ficam com a agenda abarrotada de
coisas para ler.
Entretanto, hábito é coisa bem diferente de vontade. Em
relação à leitura, o que podemos fazer é plantar nos mais novos a vontade de
ler, mostrando as emoções que essa experiência proporciona.
A segunda questão que temos é a seguinte: se ler é tão bom
assim, por que é que nós, os adultos, lemos tão pouco? Pesquisas mostram que o
índice de leitura espontânea no Brasil é de pouco mais de um livro por ano!
Muito pouco, quase nada, na verdade.
Isso significa que, depois que o jovem sai da escola, ele
simplesmente deixa de ler.
O que podemos fazer para que os jovens encontrem seu próprio
caminho no mundo dos livros? Para que desenvolvam um gosto verdadeiro pela
leitura?
Os pais podem, por exemplo, ler e contar histórias para os
filhos pequenos. Muitas famílias já cultivam o momento da história, lendo para
os filhos de até seis anos antes de a criança se recolher. A questão é que eles
não sabem como seguir com esse ritual depois que a criança cresce.
A partir dos sete, oito anos, muitas famílias se rendem aos outros
interesses que a criança passa a ter: programas de televisão, internet,
videogames, jogos de computador etc.
Entretanto, ouvir e contar histórias para os filhos é um
hábito que poderia seguir até o fim da infância como um grande incentivador não
apenas do gosto pela leitura, mas também como um elemento intensificador das
relações familiares.
Depois que a criança ganha fluidez, é hora de pedir para que
ela também leia para os pais. Mostrar interesse pelos livros que ela escolhe,
ouvir com atenção as histórias que a criança conta sobre sua própria vida e ler
ao seu lado são excelentes maneiras de estimular a atividade leitora dos mais
novos.
As bibliotecas também poderiam funcionar como locais de
incentivo do gosto pela literatura. Para isso, precisariam ser fisicamente mais
atraentes, com livros e atividades interessantes. As famílias poderiam incluir
a ida à biblioteca como um programa familiar, não é verdade?
Ler sempre --mesmo que por pouco tempo--, comentar sobre os
livros que estão lendo e incluir alguns exemplares na bagagem das férias são
atitudes que os pais podem adotar para mostrar aos filhos, na prática, que ler
é bom de verdade.
E as escolas? Essas têm um enorme potencial para desenvolver
com seus alunos o interesse pela leitura. A maioria tem optado pelos caminhos
mais fáceis e menos produtivos: responsabilizar as famílias por isso e obrigar
os alunos a ler. Poucas são as escolas particulares que têm uma biblioteca
atraente.
Aliás, aí está uma boa questão para os pais que procuram
escolas para os filhos: visitar a biblioteca escolar e saber como ela é usada
por alunos e professores.
E, por falar em professor, quantos deles demonstram aos
alunos que têm paixão pela literatura?
Se ler é mesmo bom, vamos provar isso aos mais novos.
Rosely Sayão, psicóloga e consultora em educação, fala sobre
as principais dificuldades vividas pela família e pela escola no ato de educar
e dialoga sobre o dia-a-dia dessa relação. Escreve às terças na versão impressa
de "Cotidiano".
Parabéns pelo blog!!!! Sou do grupo 2
ResponderExcluirAbraços,
Liselena