sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Meu primeiro livro por escolha própria

Meu primeiro livro por escolha própria

A minha primeira experiência com leitura aconteceu  na casa de minha avó, lá pelo inicio dos anos oitenta. Eu e meus irmãos passávamos as férias de verão na casa de minha avó em Minas Gerais, e foi lá que li o meu primeiro livro que não tinha fazia parte do meu currículo escolar.
Eu estava aliviada por estar de férias e não ter lição de casa, resumos, muito menos leituras ou redações para fazer. Meus primos quando falavam em brincar de escolinha, eu era a primeira a dizer que não. Eu tinha 13 anos, e estava na 7º série do antigo ginasial, naquele tempo eu já tinha uma quedinha por exatas, e não queria nem ouvir falar em leitura, muito menos em redação.
Sem que me desse, conta, estava na sala da casa de minha avó, sozinha, pois não queria nenhum tipo de brincadeira que envolvesse esporte ou escola, quando vi um livro caído no sofá, o que me chamou a atenção foi o título “Admirável Mundo Novo”, eu conhecia a música “Admirável gado novo” pela voz de Zé Ramalho. Achei muito estranho e resolvi abrir e ver se era igual  a música, li a primeira página, li de novo, e de novo, e de novo, joguei o livro no sofá, acho que outra pessoa já tinha feito isso também.
Eu não entendia uma palavra daquele livro, nada fazia sentido, não conseguia fazer nenhuma ligação com qualquer leitura que tinha feito anteriormente. Peguei o livro de novo, e depois de horas, não tinha chegado a página dez ainda.
Depois de vários dias, eu ainda não entendia aquele maldito livro que falava de um futuro onde as pessoas eram copias organizadas de acordo com uma classe de inteligência, onde não havia família nem religião e elas ainda eram felizes porque tomavam uma espécie de droga.
Só depois de muito tempo e muita leitura e muita conversa com a minha professora de ciências (que também já tinha lido o livro) pude entender que se tratava de uma ficção onde o contraste entre o tradicional e o mundo científico era traçado por um personagem que nasce da clonagem, mas por um “defeito de fabricação”, contesta a sociedade em que vive.

Talvez pelo tema ou pela circunstância que o livro chegou até mim, descobri o meu lado curioso e investigativo. E tenho certeza alguma coisa mudou em mim.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Minha Experiência com a Leitura

Com relação a minha experiência com a escrita, me lembro de minha mãe fazendo o antigo "Mobral" e  me  levando com ela as aulas. A minha mãe tinha vontade de aprender e sua história de vida não permitiu que ela pudesse ler com fluência! Me orgulho dela mesmo assim, por que muitas vezes fez sacrifícios para que seus quatro filhos pudessem ter a vida que ela gostaria de ter: cheia de oportunidades! Que é o que o conhecimento nos proporciona. Porém ao entrar na faculdade tomei contato, de forma irreversível,  com a leitura! Tarde demais? não muito pelo contrário, havia muito significado em nossa leitura e precisavamos disso para prosseguir. Acredito que este é o caminho: mostrar a nossos alunos  que a leitura não possui dimensões, mas sim oportunidades de expandir um universo cheio de experiências nunca vividas! A tecnologia é um fato. Está em nosso dia a dia, basta pensarmos como pessoas em locais tão diferentes estão se comunicando e se atualizando nesse exato momento através do Ambiente Virtual da Aprendizagem. Não podemos negar que é algo como a Revolução Industrial! Irreversível! Creio que o caminho é o aperfeiçoamento dos professores em novas tecnologias e conscientização pelos alunos que construímos uma história enquanto humanidade para chegarmos onde nos encontramos. Portanto é a união de gerações diferentes que proporciona a diversidade. E a riqueza da aprendizagem está exatamente nesta diversidade vivenciada por essas diversas gerações!

Contribuição da colega Sirlene Neves de Andrade  -grupo 1-

Depoimentos de Personalidades a respeito da leitura


Nilson José Machado
Professor de Didática da Matemática da USP
A LEITURA, A ESCRITA, O LUXO

Ler, escrever e contar é o que deveria resultar dos estudos escolares, diziam nossos avós. No antigo Egito, a leitura era ensinada a todos, mas o ensino do cálculo não era generalizado e a escrita era destinada apenas aos filhos das classes dominantes. Em Roma, os escravos que conduziam tais crianças à escola eram chamados “pedagogos”. Em latim, paidòs é criança, e agogòs, condutor. Os pedagogos aprendiam a escrita para poder ajudar as crianças em seu aprendizado. Hoje, é incompreensível uma dissociação entre a leitura e a escrita. A expressão de si e a compreensão do outro são competências complementares. Ler é fundamental para seguir regras com consciência, mas a expressão pessoal é vital, e a escrita é essencial para isso. A oralidade esvanece, a escrita permanece. Animais comunicam-se oralmente; a peculiaridade do ser humano reside na escrita. É preciso ler e compreender o mundo, mas, na escola da vida, temos que assinar o livro de presença. Decididamente, a escrita não é um luxo.

Fonte: Disponível em: http://nilsonjosemachado.net/mileuma.html. Acesso em: 17 maio 2013
 
Rubem Alves
Educador, escritor e teólogo
A literatura é um processo de transformações alquímicas. O escritor transforma - ou, se preferirem uma palavra em desuso, usada pelos teólogos antigos, “o escritor transubstancia” – sua carne e seu sangue em palavras e diz a seus leitores: “Leiam! Comam! Bebam! Isso é a minha carne. Isso é o meu sangue!”. A experiência literária é um ritual antropofágico. Antropofagia não é gastronomia. É magia. Come-se o corpo de um morto para se apropriar de suas virtudes. Não é esse o objetivo da Eucaristia, ritual antropofágico supremo? Come-se e bebe-se a carne e o sangue de Cristo para se ficar semelhante a ele. Eu mesmo sou o que sou pelos escritores que devorei... E se escrevo é na esperança de ser devorado pelos meus leitores.
Fonte: ALVES, Rubem. A beleza dos pássaros em voo. In: ___________. Na morada das palavras. 3. ed. Campinas: Papirus, 2003. p. 66.
Antonio Candido
Crítico literário e ex-professor de Teoria Literária na USP
As produções literárias, de todos os tipos e todos os níveis, satisfazem necessidades básicas do ser humano, sobretudo através dessa incorporação, que enriquece a nossa percepção e a nossa visão do mundo. [...]. Em todos esses casos ocorre humanização e enriquecimento, da personalidade e do grupo, por meio de conhecimento oriundo da expressão submetida a uma ordem redentora da confusão.
Entendo aqui por humanização (já que tenho falado tanto nela) o processo que confirma no homem aqueles traços que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor. A literatura desenvolve em nós a quota de humanidade na medida em que nos torna mais compreensivos e abertos para a natureza, a sociedade, o semelhante.
Fonte: CANDIDO, Antonio. Direitos humanos e literatura. In: ______. Vários escritos. Rio de Janeiro: Ouro sobre azul, 2004
 
Newton Mesquita
Pintor
Da mesma forma como coloca sua alma nas imensas e maravilhosas telas que pinta, o arquiteto e artista plástico Newton Mesquita busca, na literatura, uma comunhão com o universo revelado pelo autor:
"Quando você vê um quadro e gosta muito, a sensação é a de que aquela imagem sempre esteve dentro de você. Com o texto é a mesma coisa: aquilo toca na sua essência e detona tantas ideias e fantasias que se torna parte de sua vida", explica.
A leitura e a música são fundamentais na vida desse prestigiado artista:
"Se eu pudesse ter mais duas profissões, gostaria de ser músico (já toquei piano em boates durante alguns anos) e de escrever muito bem, como o Rubem Fonseca", declara.
Os livros me fascinam. Antigamente, quando eu era moleque, eles me pegavam pelas histórias, porque me davam a possibilidade de ir a outros países, conhecer outras civilizações, outras pessoas, ver como elas viveram, o que pensaram, descobriram e escreveram. Fui criado muito sozinho, e os livros eram meus companheiros. A leitura, nessa fase, é uma ginástica para a imaginação. Você fica imaginando os lugares, as situações, os personagensalguns tornavam-se amigos íntimos meus. Meu filho se chama Pedro por causa do Pedrinho do Sítio do Pica-pau Amarelo.
Fonte: Depoimento feito ao site da Livraria Cultura em 2004.
 
 
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quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Ler o mundo para se libertar

O trecho abaixo foi retirado do livro "Folha Explica: Paulo Freire":

O método criado por Paulo Freire para alfabetização de adultos foi, sem dúvida, sua maior contribuição à educação. Não apenas pela capacidade de alfabetizar em 40 horas. Seu sucesso está marcado pelo fato de ter desenvolvido um novo conceito de leitura - e com ele um novo conceito de escrita. Ler, segundo Freire, não é caminhar sobre as letras, mas interpretar o mundo e poder lançar sua palavra sobre ele, interferir no mundo pela ação. Ler é tomar consciência. A leitura é antes de tudo uma interpretação do mundo em que se vive. Mas não só ler. É também representá-lo pela linguagem escrita. Falar sobre ele interpretá-lo, escrevê-lo. Ler e escrever, dentro desta perspectiva, é também libertar-se. Leitura e escrita como prática de liberdade.



LEITURA NOS OLHOS DOS OUTROS



Leitura nos olhos dos outros


        Recentemente foi comemorado o Dia Nacional do Livro. A data lembrou a importância da leitura na vida das crianças e de todos nós.
       Esse é um bom motivo para refletirmos sobre a contribuição que o mundo adulto dá para que os mais novos tenham a chance de desenvolver o gosto pela leitura.
      Primeiramente, é bom reconhecer que temos uma posição bastante moralista a esse respeito. Famílias e escolas repetem à exaustão que ler é uma coisa boa. 
      Desde os primeiros anos escolares até o último ano do ensino básico, a lista de livros obrigatórios é enorme.
     Mas será que ler é mesmo bom? Se é, por que temos de repetir tanto essa recomendação e nem assim conseguimos resultados?
    Talvez porque obrigação não combine com prazer e ler deveria ser uma questão de prazer. Muita gente se preocupa em desenvolver o hábito da leitura. Prova disso é que nossas crianças ficam com a agenda abarrotada de coisas para ler.
     Entretanto, hábito é coisa bem diferente de vontade. Em relação à leitura, o que podemos fazer é plantar nos mais novos a vontade de ler, mostrando as emoções que essa experiência proporciona.
   A segunda questão que temos é a seguinte: se ler é tão bom assim, por que é que nós, os adultos, lemos tão pouco? Pesquisas mostram que o índice de leitura espontânea no Brasil é de pouco mais de um livro por ano! Muito pouco, quase nada, na verdade.
   Isso significa que, depois que o jovem sai da escola, ele simplesmente deixa de ler.
   O que podemos fazer para que os jovens encontrem seu próprio caminho no mundo dos livros? Para que desenvolvam um gosto verdadeiro pela leitura?
   Os pais podem, por exemplo, ler e contar histórias para os filhos pequenos. Muitas famílias já cultivam o momento da história, lendo para os filhos de até seis anos antes de a criança se recolher. A questão é que eles não sabem como seguir com esse ritual depois que a criança cresce.
   A partir dos sete, oito anos, muitas famílias se rendem aos outros interesses que a criança passa a ter: programas de televisão, internet, videogames, jogos de computador etc.
   Entretanto, ouvir e contar histórias para os filhos é um hábito que poderia seguir até o fim da infância como um grande incentivador não apenas do gosto pela leitura, mas também como um elemento intensificador das relações familiares.
   Depois que a criança ganha fluidez, é hora de pedir para que ela também leia para os pais. Mostrar interesse pelos livros que ela escolhe, ouvir com atenção as histórias que a criança conta sobre sua própria vida e ler ao seu lado são excelentes maneiras de estimular a atividade leitora dos mais novos.
   As bibliotecas também poderiam funcionar como locais de incentivo do gosto pela literatura. Para isso, precisariam ser fisicamente mais atraentes, com livros e atividades interessantes. As famílias poderiam incluir a ida à biblioteca como um programa familiar, não é verdade?
  Ler sempre --mesmo que por pouco tempo--, comentar sobre os livros que estão lendo e incluir alguns exemplares na bagagem das férias são atitudes que os pais podem adotar para mostrar aos filhos, na prática, que ler é bom de verdade.
   E as escolas? Essas têm um enorme potencial para desenvolver com seus alunos o interesse pela leitura. A maioria tem optado pelos caminhos mais fáceis e menos produtivos: responsabilizar as famílias por isso e obrigar os alunos a ler. Poucas são as escolas particulares que têm uma biblioteca atraente.
   Aliás, aí está uma boa questão para os pais que procuram escolas para os filhos: visitar a biblioteca escolar e saber como ela é usada por alunos e professores.
   E, por falar em professor, quantos deles demonstram aos alunos que têm paixão pela literatura?
   Se ler é mesmo bom, vamos provar isso aos mais novos.
Rosely Sayão, psicóloga e consultora em educação, fala sobre as principais dificuldades vividas pela família e pela escola no ato de educar e dialoga sobre o dia-a-dia dessa relação. Escreve às terças na versão impressa de "Cotidiano".

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Fisiologia - sistema digestivo








 

BIOE-  Banco Internacional  de Objetos  Educacionais
Repositório  de recursos digitais com cunho pedagógico -educacional Contempla todos os níveisde ensino
http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/

 

http://www.planetabio.com/digestao.html

Título:

Fisiologia - sistema digestivo

Tipo do recurso:

Hipertexto

Objetivo:

Mostrar o funcionamento do sistema digestivo

Descrição do recurso:

Este hipertexto mostra o funionamento do sistema digestivo, descrevendo seus órgãos, funções e peculiaridades

Observação:

Plugin: flash player

Componente Curricular:

Ensino Fundamental::Séries Finais::Ciências Naturais
Ensino Médio::Biologia

Tema:

Educação Básica::Ensino Fundamental Final::Ciências Naturais::Ser humano e saúde
Educação Básica::Ensino Fundamental Final::Ciências Naturais::Vida e ambiente
Educação Básica::Ensino Médio::Biologia::Origem e evolução da vida
Educação Básica::Ensino Médio::Biologia::Identidade dos seres vivos


Texto para leitura


FERNANDO BONASSI

O que dizer por todos esses livros no zoológico das estantes?
Livros são animais sexuados: livros são metidos, livros são gestados, livros são paridos. Livros crescem, como meninos. Livros sangram, como meninas. Livros infantis com idéias de aprendiz. Livros de aventura pra estimular a travessura. Livros de iniciação pras pessoas em formação. Todo livro é um livro da vida (mesmo os livros de contabilidade, que são livros de dívidas). Livros de poesia controlam a azia. Livros de História fortalecem a memória. Livros de viagem aperfeiçoam a paisagem. Livros de religião aumentam a devoção. Livros de química servem pra misturar. Livros de teste, pra confundir. Livros de lógica, pra entender. Livros didáticos, pra explicar. Livros revolucionários são livros vermelhos espetados no ar. Livres pra reclamar, livros de arrepiar!
Mas... com quantos livros se faz uma pessoa?
Livros de tabuada pra conta calculada. Livros de auto-ajuda praquilo que não muda. Livros de lazer pra quem tem muito o que fazer. Livros de direito pra homens de respeito. Livro de reza quando a coisa pesa. Livros em liquidação para leitores sem condição. Livros de oratória, livros de ortografia, livros de culinária, livros de psicologia. Livros em orgia. Livros pornográficos levados pra cama. Livros de etiqueta pra pôr a mesa. Livros sádicos. Livros trágicos. Livros míticos. Livros pro alimento do espírito e dos editores. Livros pra vaidade dos escritores. Livros especiais. Livros espaciais. Livros de colecionadores. Livros de informática são livros de computador. Livros de condolências são livros cheios de dor. Livros ensinam a ler. Livros pro humor. Livros pra quem quiser ver. Livros loucos pra saber. Livros com ilustração auxiliam a compreensão. Livros beijados, livros mordidos. Livros apalpados, livros espremidos. Livros lambidos como frutos escorridos. Livros embebidos. Livros embevecidos. Livros abraçados como casais apaixonados. Livros são romances cultivados. São feridas, são repastos. Livros passados de mão em mão, como boas biscas. Livros de arte. Livros de artistas. Páginas arrancadas sem vergonha, livros fumados com maconha. Livros de piada. Sacos de risada. Palavras cruzadas e frases alinhavadas. Livros depenados. Livros invocados. Livros em conflito. Páginas de livros processados em juízo. Livros censurados. Livros permissivos. Os livros das sopas, os livros dos sonhos, o livro dos molhos. Livros molhados nos clubes de livros. Livros de ocorrência. Livros policiais. Livros de referência. Livros originais. Livro pra orientação num universo em expansão. Livros equivocados. Livros inquisitivos. Livros engavetados. Livros recolhidos. Livros esmagados nos ônibus lotados. Livros encoxados, livros encolhidos. Livros espalhados por baixo dos estrados. Livros deflorados. Livros chacoalhados. Livros escondidos. Livros arremessados nos divórcios acalorados. Livros feito espadas. Livros como escudos. Livros que berram e livros que são mudos. O pior livro de cego é aquele que não quer se ler. Livros na ponta da língua. Livros com a ponta dos dedos. Livros engrossam, como rapazes. Livros melhoram, como mulheres. Livros murchos, livros sujos, livros finos. Livros como manda o figurino. Livros de moda. Livros em falta. Livros de sobra. Livros que cheiram bem e livros que cheiram mal (livros de renúncia fiscal). Livros roubados. Livros comprados. Livros vendidos. Árvores de livros abatidos. Livros de cabeceria. A fertilidade dos livros de madeira. Livros exibidos como corpos oferecidos. Livros safados. Livros falados. Livros sorvidos. Livros conservadores nas gavetas dos doutores. Livros emocionais pra cólicas menstruais. Livros de regime. Livros de política. Livros de ótica. Livros de crítica. Livros diários são livros crônicos, são livros cômicos, são livros tônicos. Dicionários de livros explicados. Raciocínios apalavrados. Teses de mestrado. Bolsas de livros financiados. Tomos, tombos, citações. Parágrafos, capítulos, correções. Publicações, polêmicas, opiniões. Livros importados. Livros transportados. Livros traduzidos. Livros encomendados, livros encarecidos. Livros encardenados como faraós embalsamados. Livros aposentados. Livros comentando livros. Livros lavrados em cartórios hereditários. Livros aplicados e homens especializados. Diplomas de livros emparedados. Livros emparelhados. Bibliotecas de livros amontoados. Sebos empoeirados. Livros decorados são livros encruados são livros mal comidos. Livros devorados por vermes aculturados. Livros bichados. Livros suados. Livros vencidos. Caixas e caixas de livros caixa. Arquivos mortos em pandemônio, as fortunas dos livros de patrimônio. Livros de capas trocadas, capas disfarçadas, capas ofensivas. Livros de capas ousadas. Capas proibidas. Os livros contra capas. Os lidos pelas costas. Livros sádicos, livros cínicos, livros mágicos. Livros lívidos, livros épicos, livros bíblicos. Livros lidos como vícios. Livros de sacrifícios. Todo homem é um livro aberto. Todo livro acha que é certo. Escreveu, não leu, continua sendo livro. Já no início era verbo! Larga a mão de ser burro e leia.

Quem roubou nosso tempo de leitura?




O tempo para leitura parece cada vez mais comprimido e isto não é uma perda apenas para a literatura.

Por Alan Bisset, no The Guardian
(Traduzido por Milton Ribeiro para o Sul21)

Um súbito interesse renovado por Tolstói, causado pelo filme sobre seus últimos dias, A Última Estação, fez-me lembrar que há um ano atrás eu tinha prometido a mim mesmo reler Guerra e Paz. Fazia algum tempo que eu não enfrentava um romance de grandes proporções ou, para ser mais exato, qualquer coisa publicada antes do século XX. A releitura de Guerra e Paz iria me tranquilizar: minha resistência física e disponibilidade estavam intactas. Fui até a estante e descobri a página em que deixei o marcador – ele estava na página 55 e eu sequer podia utilizar a desculpa de ter crianças pequenas.

O fato em si não teria me assustado — afinal, é Guerra e Paz — se não fosse a existência de outros marcadores abandonados em outros livros. Eu não estava terminando nenhum deles? Como é que eu, que adorava ficção o suficiente para estudá-la, ensiná-la e escrever a respeito, me tornara tão distraído?

O mundo dos meus tempos de estudante era fundamentalmente diferente do atual. Foi apenas no final da minha graduação que um amigo me mostrou uma maravilha chamada internet (Ele: “Há sites sobre qualquer assunto, tudo pode ser encontrado!”. Eu: “O que é um site?”). Nos anos 90, havia somente quatro canais de televisão. Cada família tinha um telefone, cujo uso era consecutivo. Poucos tinham jogos eletrônicos. Então, era muito mais fácil retirar-se completamente do mundo para a grande arquitetura do romance. Agora, o leitor está sob o ataque de centenas de canais de televisão, cinema 3D, há um negócio de jogos de computador tão florescente que faz com que Hollywood os imite em seus filmes, há os iPhones, o Wifi, o YouTube, o Facebook, há notícias 24h, uma cultura tola da celebridade — verdadeiras ou falsas — , acesso instantâneo a toda e qualquer música já registrada, temos o esporte onipresente, há caixas de DVDs com tudo o que gostamos. Os momentos de lazer que já eram preciosos foram engolidos pela lista anterior e também e-mails, torpedos e Facebook. Quase todas as pessoas com quem eu falo dizem amar os livros, mas que simplesmente não encontram mais tempo para lê-los. Bem, eles CERTAMENTE têm tempo, só que não conseguem gastá-lo de forma diferente.

Isto tem consequências desastrosas para nossa inteligência coletiva. Estamos sitiados pela indústria de entretenimento, a qual nos estimula apenas em determinadas direções. A sedução é sonora, visual e tátil. A concentração na palavra impressa, na profundidade de um argumento ou de uma narrativa ficcional, exige uma postura que os dependentes dos meios visuais não têm condições de atender. Seus cérebros não se fixam na leitura ou, se leem, fazem-no rapidamente para voltar logo ao plin-plin. Ora, isso é um roubo de um espaço de pensamento que deveria ser recuperado.

Obviamente, os meios de comunicação como a Internet nos oferecem enormes benefícios (você não estaria lendo isto de outra forma), mas nos empurram facilmente para coisas bem superficiais que roubam nosso tempo. Você viu Avatar? Você viu o que eles podem fazer agora? Podem me chamar de melodramático, mas estou começando a me sentir como protagonista de alguma distopia (ou antiutopia) do gênero de 1984 ou Fahrenheit 451, tendo meus pensamentos apagados e, pior, gostando disso.

A Cultura mudou rapidamente nesta década. A leitura está sob ameaça como nunca antes. “Escrever e ler é uma forma de liberdade pessoal”, disse Don DeLillo em uma carta a Jonathan Franzen, que o questionara muito tempo antes da chegada da Internet. “A literatura nos liberta dos pensamentos comuns, de possuir a mesma identidade das pessoas que vemos em torno de nós. Nós, escritores, fundamentalmente, não escrevemos para sermos heróis de alguma subcultura, mas principalmente para nos salvar, para sobrevivermos como indivíduos.” Exatamente a mesma afirmação, penso eu, descreve a condição dos leitores sérios.

Deem-me o meu Tolstói. Agora é guerra.

Leitura e Escrita

Durante esses sete anos que eu estou trabalhando na DE, eu pude perceber o quanto é importante o Projeto Ler e Escrever, é um trabalho de sucesso, os números estão aí para comprovar, o número de escolas do EF I que conseguem atingir, e até mesmo superar, a meta estabelecida em Língua Portuguesa, é bem maior do que as escolas do EF II e do EM, os resultados nas provas de matemática também são melhores, deveria haver um Projeto de leitura focando também o EF II e o EM, tenho certeza de que os resultados obtidos iriam melhorar bastante, além disso, um outro detalhe importante, não sei se nas outras Des foi observado isso, o trabalho realizado nas UEs que possuem somente o EF I, é bem melhor do que o realizado nas outras UEs que contam também com o EF II, o EM e também o Ensino de Jovens e Adultso(EJA).

Integrantes do Grupo 1

CARLOS SIDIOMAR MENOLI
CLEONICE DA SILVA MENEGATTO
ELIDES ASSUMPÇÃO
JOSÉ LUIZ AUTIERE
MARGARETH SILVEIRA SASAKI
MORDECHAJ GRINBAUM
ROSINES JESUS RIBEIRO DE CAMARGO
SIRLENE NEVES DE ANDRADE

Paulo Freire Contemporâneo - Documentário

http://youtu.be/EzjY0x37E88
O mentor da educação para consciência
O mais célebre educador brasileiro, autor da pedagogia do oprimido, defendia como objetivo da escola ensinar o aluno a "ler o mundo" para poder transformá-lo

Paulo Freire (1921-1997) foi o mais célebre educador brasileiro, com atuação e reconhecimento internacionais. Conhecido principalmente pelo método de alfabetização de adultos que leva seu nome, ele desenvolveu um pensamento pedagógico assumidamente político. Para Freire, o objetivo maior da educação é conscientizar o aluno. Isso significa, em relação às parcelas desfavorecidas da sociedade, levá-las a entender sua situação de oprimidas e agir em favor da própria libertação. O principal livro de Freire se intitula justamente Pedagogia do Oprimido e os conceitos nele contidos baseiam boa parte do conjunto de sua obra.
Ao propor uma prática de sala de aula que pudesse desenvolver a criticidade dos alunos, Freire condenava o ensino oferecido pela ampla maioria das escolas (isto é, as "escolas burguesas"), que ele qualificou de educação bancária. Nela, segundo Freire, o professor age como quem deposita conhecimento num aluno apenas receptivo, dócil. Em outras palavras, o saber é visto como uma doação dos que se julgam seus detentores. Trata-se, para Freire, de uma escola alienante, mas não menos ideologizada do que a que ele propunha para despertar a consciência dos oprimidos. "Sua tônica fundamentalmente reside em matar nos educandos a curiosidade, o espírito investigador, a criatividade", escreveu o educador. Ele dizia que, enquanto a escola conservadora procura acomodar os alunos ao mundo existente, a educação que defendia tinha a intenção de inquietá-los.
Aprendizado conjunto
Freire criticava a ideia de que ensinar é transmitir saber porque para ele a missão do professor era possibilitar a criação ou a produção de conhecimentos. Mas ele não comungava da concepção de que o aluno precisa apenas de que lhe sejam facilitadas as condições para o auto-aprendizado. Freire previa para o professor um papel diretivo e informativo - portanto, ele não pode renunciar a exercer autoridade. Segundo o pensador pernambucano, o profissional de educação deve levar os alunos a conhecer conteúdos, mas não como verdade absoluta. Freire dizia que ninguém ensina nada a ninguém, mas as pessoas também não aprendem sozinhas. "Os homens se educam entre si mediados pelo mundo", escreveu. Isso implica um princípio fundamental para Freire: o de que o aluno, alfabetizado ou não, chega à escola levando uma cultura que não é melhor nem pior do que a do professor. Em sala de aula, os dois lados aprenderão juntos, um com o outro - e para isso é necessário que as relações sejam afetivas e democráticas, garantindo a todos a possibilidade de se expressar. "Uma das grandes inovações da pedagogia freireana é considerar que o sujeito da criação cultural não é individual, mas coletivo", diz José Eustáquio Romão, diretor do Instituto Paulo Freire, em São Paulo.
A valorização da cultura do aluno é a chave para o processo de conscientização preconizado por Paulo Freire e está no âmago de seu método de alfabetização, formulado inicialmente para o ensino de adultos. Basicamente, o método propõe a identificação e catalogação das palavras-chave do vocabulário dos alunos - as chamadas palavras geradoras. Elas devem sugerir situações de vida comuns e significativas para os integrantes da comunidade em que se atua, como por exemplo "tijolo" para os operários da construção civil. 
Diante dos alunos, o professor mostrará lado a lado a palavra e a representação visual do objeto que ela designa. Os mecanismos de linguagem serão estudados depois do desdobramento em sílabas das palavras geradoras. O conjunto das palavras geradoras deve conter as diferentes possibilidades silábicas e permitir o estudo de todas as situações que possam ocorrer durante a leitura e a escrita. "Isso faz com que a pessoa incorpore as estruturas linguísticas do idioma materno", diz Romão. Embora a técnica de silabação seja hoje vista como ultrapassada, o uso de palavras geradoras continua sendo adotado com sucesso em programas de alfabetização em diversos países do mundo.
Seres inacabados
O método Paulo Freire não visa apenas tornar mais rápido e acessível o aprendizado, mas pretende habilitar o aluno a "ler o mundo", na expressão famosa do educador. "Trata-se de aprender a ler a realidade (conhecê-la) para em seguida poder reescrever essa realidade (transformá-la)", dizia Freire. A alfabetização é, para o educador, um modo de os desfavorecidos romperem o que chamou de "cultura do silêncio" e transformar a realidade, "como sujeitos da própria história".
No conjunto do pensamento de Paulo Freire encontra-se a ideia de que tudo está em permanente transformação e interação. Por isso, não há futuro a priori, como ele gostava de repetir no fim da vida, como crítica aos intelectuais de esquerda que consideravam a emancipação das classes desfavorecidas como uma inevitabilidade histórica. Esse ponto de vista implica a concepção do ser humano como "histórico e inacabado" e consequentemente sempre pronto a aprender. No caso particular dos professores, isso se reflete na necessidade de formação rigorosa e permanente. Freire dizia, numa frase famosa, que "o mundo não é, o mundo está sendo".
Três etapas rumo à conscientização 

Embora o trabalho de alfabetização de adultos desenvolvido por Paulo Freire tenha passado para a história como um "método", a palavra não é a mais adequada para definir o trabalho do educador, cuja obra se caracteriza mais por uma reflexão sobre o significado da educação. "Toda a obra de Paulo Freire é uma concepção de educação embutida numa concepção de mundo", diz José Eustáquio Romão. Mesmo assim, distinguem-se na teoria do educador pernambucano três momentos claros de aprendizagem. O primeiro é aquele em que o educador se inteira daquilo que o aluno conhece, não apenas para poder avançar no ensino de conteúdos mas principalmente para trazer a cultura do educando para dentro da sala de aula. O segundo momento é o de exploração das questões relativas aos temas em discussão - o que permite que o aluno construa o caminho do senso comum para uma visão crítica da realidade. Finalmente, volta-se do abstrato para o concreto, na chamada etapa de problematização: o conteúdo em questão apresenta-se "dissecado", o que deve sugerir ações para superar impasses. Para Paulo Freire, esse procedimento serve ao objetivo final do ensino, que é a conscientização do aluno.