Meu primeiro livro por escolha própria
A minha primeira experiência
com leitura aconteceu na casa de minha
avó, lá pelo inicio dos anos oitenta. Eu e meus irmãos passávamos as férias de
verão na casa de minha avó em Minas Gerais, e foi lá que li o meu primeiro
livro que não tinha fazia parte do meu currículo escolar.
Eu estava aliviada por estar
de férias e não ter lição de casa, resumos, muito menos leituras ou redações
para fazer. Meus primos quando falavam em brincar de escolinha, eu era a
primeira a dizer que não. Eu tinha 13 anos, e estava na 7º série do antigo
ginasial, naquele tempo eu já tinha uma quedinha por exatas, e não queria nem
ouvir falar em leitura, muito menos em redação.
Sem
que me desse, conta, estava na sala da casa de minha avó, sozinha, pois não
queria nenhum tipo de brincadeira que envolvesse esporte ou escola, quando vi
um livro caído no sofá, o que me chamou a atenção foi o título “Admirável Mundo
Novo”, eu conhecia a música “Admirável gado novo” pela voz de Zé Ramalho. Achei
muito estranho e resolvi abrir e ver se era igual a música, li a primeira página, li de novo, e
de novo, e de novo, joguei o livro no sofá, acho que outra pessoa já tinha
feito isso também.
Eu
não entendia uma palavra daquele livro, nada fazia sentido, não conseguia fazer
nenhuma ligação com qualquer leitura que tinha feito anteriormente. Peguei o
livro de novo, e depois de horas, não tinha chegado a página dez ainda.
Depois
de vários dias, eu ainda não entendia aquele maldito livro que falava de um
futuro onde as pessoas eram copias organizadas de acordo com uma classe de
inteligência, onde não havia família nem religião e elas ainda eram felizes
porque tomavam uma espécie de droga.
Só
depois de muito tempo e muita leitura e muita conversa com a minha professora
de ciências (que também já tinha lido o livro) pude entender que se tratava de
uma ficção onde o contraste entre o tradicional e o mundo científico era
traçado por um personagem que nasce da clonagem, mas por um “defeito de
fabricação”, contesta a sociedade em que vive.
Talvez
pelo tema ou pela circunstância que o livro chegou até mim, descobri o meu lado
curioso e investigativo. E tenho certeza alguma coisa mudou em mim.